
SOBRE
A HISTÓRIA DO NOSSO POVO
Neste menu você encontra um breve relato da história da Cutia, aqui está descrito o que cabe nas palavras sobre uma história que vai além
Contornada pela rodovia BA-148, a comunidade de Cutia é lugar de saídas e chegadas, aberto aos encontros, assim como uma parada de ônibus. Um espaço de passagem e de morada. Todo cutiense recepciona – seja qual for o visitante que chegue – com o melhor café que se tem em casa, coado na hora, misturado com vida pulsante, não muito forte, para não assustar o paladar pouco acostumado, a bebida chega a se parecer com a cor das águas dos rios que se tem por lá. O café é a desculpa para se começar as conversas mais sérias, tais como a que irei iniciar; a bebida serve para aproximar narrador e ouvinte, neste caso leitor e pesquisador.
Sendo local de passagem, a hospitalidade acaba por ser um traço comunitário, uma característica mais acentuada lá do que em outros locais próximos, visto que saber acolher e fundir nas raízes é uma estratégia para se conseguir momentos de paragem, pois o interesse é criar elos, envolver multiplicidades. Esse lugar da passagem de muitos e da permanência de tantos outros é uma comunidade rural remanescente quilombola, que foi certificada pela Fundação Palmares em 2006, pertencente ao município baiano de Boninal.
Entretanto, antes de Boninal ser Boninal, na época em que aquela terra ainda era chamada de Guarany, a Cutia já estava ali. Segundo os dados oficiais obtidos pela Coordenação de Desenvolvimento Agrário, a comunidade tem 258 famílias, mas os laços e o entendimento por comunidade vão além dos dados institucionais. Sublinha-se que nem todas as informações oficiais encontradas nas buscas e pesquisas em órgãos públicos compreendem o vasto complexo de conhecimentos e entendimentos não oficiais, não institucionalizados, da Cutia.
As casas acompanham as curvas sinuosas do rio, postas lado a lado, com uma distância que permita que o vizinho lhe acudisse caso ocorresse qualquer infortúnio.
Os cutienses têm sua própria divisão de ruas, sendo: a Rua de Baixo e a Rua de Cima, as vias principais; o Corredor, o Caminho do Tanque e o Caminho do Baixão, as vielas secundárias. Na Cutia, não há caminho que não leve a um lugar. O Caminho do Tanque é o nome utilizado para a estrada que dá acesso às roças Tanque, Baixão, Boi Morto, terreiro Duro e ao quilombo do Mulungu – trata-se de um caminho longo em que há roças comunitárias e roças familiares.
O aspecto comunitário interfere diretamente tanto nos elementos físicos e arquitetônicos como também serpenteia os aspectos como os habitantes ganham a vida, educam os filhos, trocam conhecimentos, cultivam a terra, trocam produtos e se ajudam em momentos de necessidade.











